Companheiros de PSDB, os senadores Ataídes Oliveira (TO) e Cássio Cunha Lima (PB) tiveram uma áspera discussão durante audiência da CPI do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
Líder do partido, Cássio não gostou do tom inquisidor usado por Ataídes, presidente da comissão, com o ex-conselheiro do Carf Jorge Victor Rodrigues, que obteve habeas corpus junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), garantindo-lhe o direito de permanecer calado.
Ataídes não se conformou e, ao dispensar o convocado, disse que a CPI “vai continuar a persegui-lo de perto”.
Cássio então passou um pito público no colega tucano. “O senhor [Ataídes] está exagerando na forma. Os resultados não devem ser construídos com constrangimento. O senhor deve perseguir os fatos, não as pessoas”.
Constrangido, Ataídes devolveu: “Vossa excelência não tem participado da nossa comissão. Hoje aparece aqui. Acho que o senhor veio para fazer isso...”.
“Vossa excelência me respeite”, bradou Cássio. “Respeite a mim e respeite a quem é investigado”, continuou, lembrando a Ataídes que ele só estava na cadeira de presidente da CPI por designação da liderança do PSDB – ou seja, por designação do próprio Cássio.
“Vossa excelência é meu líder lá fora. Não vai determinar o que faço aqui”, disse Ataídes.
Cássio então desafiou o colega. “Então consiga trazer resultados. Mas procure observar os limites do processo de inquisição”.
Após a discussão, o ex-conselheiro José Ricardo da Silva, outro convocado, foi chamado a entrar na sala. Ele também evocou o direito constitucional de ficar em silêncio, não sem antes provocar os senadores ao dizer que imprensa e CPI apresentam informações equivocadas sobre o Carf.
Mas Ataídes, depois da discussão com o líder, foi bem mais ameno com o interrogado e o dispensou em tempo breve.
Edson Pereira Rodrigues, ex-presidente do Carf, também havia sido convocado, mas não esteve presente à reunião. Ele encaminhou à CPI um atestado médico, no qual havia a recomendação de três dias de repouso por uma laringite.